Especialistas mostram como gerenciar despesas do início do ano

Especialistas mostram como gerenciar despesas do início do ano

Com despesas concentradas, os meses de janeiro e fevereiro são um período difícil para o equilíbrio do orçamento familiar. Por isso, o G1 ouviu especialistas que oferecem dicas de como conciliar pagamentos de impostos e despesas escolares com gastos do Natal e das férias.

O primeiro passo é fazer uma lista de todas as despesas. Comece pelas dívidas que sobraram de 2007. Depois acrescente os impostos (IPTU e IPVA) e os gastos escolares, como matrícula e material escolar.

Como gerenciar as despesas do início do ano

IPTU e IPVA
– Prefira o pagamento à vista, com desconto.
– A segunda opção é o parcelamento sem juros oferecido por estados e municípios.
– Para quem não conseguir pagar nem a primeira parcela, alguns bancos oferecem linhas de crédito especiais para o pagamento desses impostos.

Matrícula e material escolar
– Algumas escolas permitem o parcelamento da taxa de matrícula.
– Em relação ao material escolar, é possível adiar a compra de alguns itens que não serão utilizados no começo do ano.

Dívidas de 2007
– Priorize o pagamento das dívidas antigas, principalmente as do cartão de crédito, que tem juros maiores.
– Se não tiver dinheiro para tudo, procure os bancos e credores e renegocie para evitar multas e ter seu nome incluído em lista de devedores.

Economize
Se você está com dificuldade para quitar as dívidas de 2007 e ainda pagar as despesas de fim de ano, evite as liquidações de janeiro. Reveja também as despesas de viagem nas férias e no Carnaval.

Evite os mesmos erros
Faça um planejamento para o início do próximo ano. Reserve o dinheiro do 13º para o pagamento de algumas despesas ou vá poupando dinheiro ao longo do ano para não ficar novamente no aperto.

Os consultores financeiros recomendam que se pague todas as despesas à vista, aproveitando os descontos dados pelo governo e pelas lojas. Isso porque nenhuma aplicação financeira é capaz de superar os benefícios do desconto.

“Para aqueles que têm dinheiro, a melhor alternativa é sempre pagar à vista, seja nos impostos ou na compra de material escolar. Se tiver dinheiro em aplicação financeira, tire e pague com desconto”, diz o vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira.

O músico Jandir Pilatti Júnior, por exemplo, guardou o 13º salário para pagar as despesas com IPVA, licenciamento e IPTU da sua casa e de um terreno. “Eu já deixo o dinheiro reservado para poder fazer os pagamentos à vista e com desconto”, diz Pilatti.

Dinheiro curto
O vice-presidente da Anefac estima, no entanto, que são poucas as famílias que poderão aproveitar essas vantagens, já que a maioria das pessoas não tem dinheiro suficiente para pagar todas despesas.

Nesse caso, a melhor opção é optar pelo parcelamento dos impostos e das despesas escolares. Embora exista uma taxa de juros embutida em qualquer parcelamento sem desconto, essa taxa é menor do que a cobrada nos empréstimos bancários.

Para os impostos, o parcelamento é automático. Mas no caso das despesas escolares, é preciso negociar. “Em relação à matrícula, é possível negociar um parcelamento com as escolas para jogar isso um pouco mais para a frente”, diz a diretora de estudos e pesquisas do Procon-SP, Valéria Rodrigues Garcia.

“Em relação ao material escolar, se você não consegue compra toda a lista, veja com a escola o que vai ser preciso para o primeiro semestre e deixe para comprar a outra parte no segundo semestre”, diz.

A família do publicitário Murilo Rosa está entre aquelas que não vão conseguir pagar todas as despesas à vista. Na hora do aperto, ele decidiu parcelar os impostos para garantir o pagamento das dívidas de Natal e das despesas escolares dos filhos.

“Vou pagar tudo parcelado, porque assumi grandes dívidas no final de ano e acabei usando do 13º para outras despesas”, diz o publicitário.

Empréstimos
Se as suas contas ainda não estiverem fechando, só há duas alternativas: recorrer a um empréstimo bancário ou deixar de pagar algumas despesas.

Muitas instituições financeiras oferecem linhas de crédito para as despesas do começo do ano. Os juros variam entre 2% e 3%, com prazos de 12, 24 ou até 48 meses.

Além dos juros, há outras despesas, como taxa de abertura de crédito e cobrança de IOF, imposto que teve sua alíquota aumentada neste ano para compensar o fim da CPMF.

“O crediário ficou um pouco mais caro com a mudança no IOF. Se você tiver de parcelar, utilize um prazo de no máximo 90 dias, tanto pelos juros como pela nova alíquota do IOF, que é diário”, diz Marcos Crivelaro, professor da Faculdade de Informática e Administração Paulista (Fiap).

Inadimplência
Para quem pretende atrasar o pagamento das despesas é preciso verificar aquela que trará menos problemas. No caso dos impostos, a multa por atraso pode chegar 20%, acrescida de juros. Além disso, há uma série de problemas legais. Para quem possui dívidas com bancos ou lojas, outra solução é a renegociação.

"Se a pessoa tiver de escolher, é melhor atrasar aquela despesa em que a multa é menor, como condomínio e impostos, do que com bancos e operadoras de cartão de crédito", diz Crivelaro. "Mas, com as nossas taxas de juros, isso não é muito vantajoso do ponto de vista financeiro.”